terça-feira, 22 de junho de 2010

Copa do Mundo

Sem "camaradagem", Uruguai bate México e deve fugir da Argentina

Forlán (esq) comemora gol de Luis Suárez, artilheiro do Campeonato Holandês que desencantou na Copa

Quem esperava um "jogo de compadres" entre México e Uruguai no encerramento do Grupo A da Copa do Mundo de 2010 se surpreendeu. Nesta terça-feira, ambos partiram ao ataque buscando a vitória, que ao final veio por 1 a 0 em favor dos sul-americanos, graças ao artilheiro Luis Suárez. Mesmo derrotados, os mexicanos também chegaram às oitavas de final.

Uruguaios e mexicanos chegaram à terceira rodada dividindo a liderança da chave com quatro pontos. Como África do Sul e França, que jogaram no mesmo horário, somavam um cada, um simples empate classificava as seleções da América.

Mesmo assim, ninguém se contentou com o placar de 0 a 0 e já nos primeiros 20 minutos de partida pelo menos cinco boas chances de gol foram criadas. O motivo era bastante simples: uma vitória significava um emparceiramento mais fácil nas oitavas de final, fugindo da Argentina para encontrar o segundo colocado do Grupo B, que deve ser Coreia do Sul, Grécia ou Nigéria.

O empate mantinha o Uruguai na liderança devido ao saldo de gols, e a equipe tratou de ampliar sua vantagem aos 42min do primeiro tempo, ao fazer 1 a 0 com Suárez.

O resultado chegou a deixar nervoso o México, que na segunda etapa buscou a igualdade ao se lançar com três atacantes e apenas três zagueiros. Aos 26min, no entanto, a torcida pôde respirar tranquila no Estádio Royal Bafokeng, em Rustemburgo, comemorando o gol de Florent Malouda para França, que deixou o time verde bem mais perto da próxima fase.

Renascendo, o Uruguai chega às oitavas de uma Copa pela primeira vez desde 1990, após ser eliminado já na primeira fase em 2002. A seleção não vencia duas partidas seguidas em uma competição desse nível desde 1954 e passou de forma inédita por uma fase de grupos sem levar gols.

Já o México deve reencontrar a Argentina, que pode até perder por dois gols de diferença para a Grécia às 15h30 desta terça-feira (desde que a Coreia do Sul não bata a Nigéria por três gols de vantagem) e mesmo assim terminará em primeiro no Grupo B. Em 2006, os argentinos levaram a melhor na abertura do mata-mata por 2 a 1.

O jogo

Em alta após vitórias sobre África do Sul e França, Uruguai e México pouco mudaram o time para a terceira rodada do Grupo A. A primeira seleção, comandada por Óscar Tabárez, trocou apenas o zagueiro titular Diego Godín, com uma gastroenterite, por Mauricio Victorino.

Já Javier Aguirre foi obrigado a tirar o atacante Carlos Vela, lesionado na perna direita, para a entrada do meia Cuauhtémoc Blanco, e também o meio-campista Efraín Juarez. Suspenso com dois cartões amarelos, ele cedeu lugar para Andrés Guardado. Com o veterano na armação, a equipe abandonou o esquema com dois homens abertos pelos flancos do ataque.

Na sequencia, Rodríguez furando lançamento e a bola sobrou para Suarez, que invadiu a área livre e chutou à esquerda do gol, perdendo a chance de marcar seu primeiro gol na Copa do Mundo.

A primeira chegada do México veio um minuto depois. Giovanni dos Santos fez sua característica jogada pelo lado esquerdo do campo e cruzou. A bola não chegou até Blanco, que reclamou de pênalti, mas Diego Lugano não chegou a desequilibrar o veterano.

Aos 14min, os mexicanos ameaçaram novamente. Cérebro da equipe, Blanco dominou com liberdade e deu uma cavadinha para Guille Franco, que não teve domínio e viu a bola escapar até sair pela linha de fundo.

Aos 18min, um escanteio encontrou a cabeça do zagueiro Victorino. Mesmo livre, ele não cabeceou bem e mandou a bola por cima, longe das traves. Dois minutos depois, Álvaro Pereira recebeu um grande passe, invadindo a área pela esquerda e arrematando para fora; Forlán, que esperava o passe dentro da área, reclamou bastante com o companheiro.

A resposta mexicana veio a galope: no lance seguinte, Guardado acertou um grande chute de longe com a perna esquerda que parou apenas no travessão de Muslera; no rebote, um cruzamento na medida ainda parou no peito de Franco, mas o atacante demorou e viu Victorino afastar o perigo.

Sem condições físicas de manter o ritmo alucinante do início, os times diminuíram o ritmo na parte final do primeiro tempo. Nesse contexto, o único lance de destaque veio aos 34min, quando o volante Diego Pérez saiu com um grande sangramento no rosto ¿ a ferida ocorreu após uma disputa de bola pelo alto com Guardado. Com uma toca, o uruguaio retornou ao gramado.

Mesmo assim, veio a abertura do placar. Aos 42min, Cavani foi acionado pela ponta direita após passe de Forlán. Próximo ao bico da grande área, ele cruzou na medida para Suárez fazer um belo cabeceio para enfim desencantar, justificando por que foi o artilheiro do último Campeonato Holandês com 35 gols.

A jogada justificou a mudança do técnico Tabarez, que passou a escalar um Uruguai mais ofensivo, com o atacante Cavani, após o empate sem gols da estreia contra a França. Ao mesmo tempo, o lance pressionou os mexicanos, que foram ao vestiário sabendo que seriam eliminados em caso de mais dois gols da África do Sul, que naquele momento vencia os franceses por 2 a 0.

Na volta do intervalo, Aguirre voltou a escalar praticamente três atacantes com a substituição de Guardado por Pablo Barrera, que passou a atuar pelo flanco esquerdo.

Logo aos 5min, o goleiro Óscar Pérez impediu que os sul-africanos sonhassem ainda mais com a classificação ao defender forte cabeceio de Lugano após cobrança de escanteio. No rebote, Álvaro Pereira ainda foi bloqueado e desperdiçou a chance de confirmar seu país na ponta do Grupo A.

Aos 19min, veio a principal chance do México. Justificando sua entrada, Barrera fez boa jogada pela direita e cruzou na medida para Rodríguez; o zagueiro, porém, cabeceou rente à trave direita, perdoando o que poderia ser o primeiro gol sofrido por Néstor Muslera no Mundial.

FICHA TÉCNICA

México 0 x 1 Uruguai

Gol
Uruguai: Suárez, aos 40min do primeiro tempo

Ponto Forte do México
Andrés Guardado: pela primeira vez como titular na Copa do Mundo, o meio-campista do Deportivo La Coruña foi o mexicano mais perigoso em campo, tendo até acertado o travessão rival. Mesmo assim, foi substituído.

Ponto Forte do Uruguai
Rápido trio ofensivo, que comandado por Diego Forlán armou vários contra-ataques, inclusive o do primeiro gol.

Ponto Fraco do México
Cuauhtémoc Blanco, que ao contrário dos dois últimos jogos foi titular e não correspondeu. Fora de forma, mal criou jogadas e deixou o campo aos 17min do segundo tempo.

Ponto Fraco do Uruguai
Recuou demais na segunda etapa, cedendo o domínio da bola ao México. Apesar disso, manteve-se sem tomar na Copa da África do Sul.

Personagem do jogo
Javier Aguirre, técnico mexicano que mudou o sistema tático que vinha dando certo no Mundial e partiu para o desespero no segundo tempo. Escalou Blanco equivocadamente e mexeu mal, sacando Guardado no intervalo.

Esquema Tático do México
4-3-1-2
Pérez; Osorio, Moreno (Castro) e Francisco Rodríguez e Salcido; Torrado, Rafa Márquez e Guardado (Barrera); Blanco (Hernández); Franco e Giovani dos Santos. Técnico: Javier Aguirre

Esquema Tático do Uruguai
4-3-1-2
Muslera; Maxi Pereira, Lugano, Victorino e Fucile; Arévalo Rios, Diego Pérez e Álvaro Pereira (Scotti); Forlán; Cavani e Suárez (Álvaro Fernandez). Técnico: Oscar Tabárez

Cartões amarelos
México: Hernández e Castro
Uruguai: Fucile

Árbitro
Viktor Kassai (HUN)

Local
Royal Bafokeng, Rustemburgo




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